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O QUE SÃO OS MAUS-TRATOS ÀS CRIANÇAS?

O aumento do índice de agressões às crianças estaria relacionado às estatísticas crescentes da pobreza e maior exposição ao estresse, além da facilidade de acesso às drogas e da disseminação da violência pela mídia 

por Agência Notisa de jornalismo científico
 

Existem poucos dados referentes à incidência de maus-tratos infantis no Brasil. Algumas instituições, como a Universidade de São Paulo, pelo extinto Laboratório de Estudos da Criança (Lacri), a SOS Criança, a Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência (Abrapia) e o Centro Regional de Atenção aos Maus-Tratos na Infância (Crami) realizam estudos estatísticos, mas que ainda não cobrem todo o território nacional.

Com o objetivo de disponibilizar mais dados que contribuam para o conhecimento dessa realidade, o médico Antônio Carlos Alves Cardoso desenvolveu o estudo "Maus-tratos infantis: estudos clínico, social e psicológico de um grupo de crianças internadas no Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da FMUSP".

A pesquisa de Antônio mostra que, nos últimos anos, a notificaçãode crianças submetidas a maus-tratos aumentou. Isso poderia ser um bom dado, porém, ele explica que ainda é difícil avaliar se o aumento reflete a maior preocupação aliada ao maior conhecimento do assunto - o que implica em mais diagnósticos - ou o maior número de agressões.

De qualquer forma, o estudo aponta quais fatores podem contribuir para um real aumento na incidência de agressões. Entre eles, o incremento da violência entre as populações, estimulada pelo aumento da pobreza com consequente piora do padrão de vida, maior exposição ao estresse, principalmente nos grandes centros, mais facilidade de acesso a drogas e disseminação da violência pela mídia.

Segundo o especialista, entende-se por maus-tratos infantis um grupo de fatores ou uma situação de abuso à criança. Existem várias modalidades para esses maus-tratos: abuso físico, abuso sexual, abuso psicológico, negligência e a síndrome de Münchausen: uma doença psiquiátrica em que o paciente, de forma compulsiva, deliberada e contínua, causa, provoca ou simula sintomas de doenças, sem que haja uma vantagem óbvia para tal atitude que não seja a de obter cuidados médicos e de enfermagem.

A negligência emocional tem sido, na prática, considerada como a falta de responsabilidade e de "calor" materno

Quando a convivência é sadia e os responsáveis possuem valores contrários aos maus-tratos a criança terá um desenvolvimento livre de traumas familiares"?
Quando a negligência é emocional - também chamada de abuso psicológico - ela compreende a deterioração do ambiente interpessoal da casa e induz alguns aspectos negativos na criança em relação ao senso de segurança física e emocional, aceitação, autoestima, consideração e autonomia. "Embora haja pouco consenso sobre a definição, a negligência emocional tem sido, na prática, considerada como a falta de responsabilidade e de 'calor' materno ou, ainda, a falta de consistência e predeterminação no trato com a criança, especialmente no plano disciplinar", explica.

Sobre a síndrome de Münchausen, é uma situação na qual uma pessoa inventa doenças ou situações para ir ao médico. Nas crianças, é chamada de síndrome de Münchausen por transferência. "Nesse caso, o adulto, normalmente a mãe, se utiliza da criança com esse pretexto. Ele inventa ou cria uma situação na criança, levando-a a ficar doente, para com isso estar em contato com o meio médico. É uma doença psicológica", esclarece. 

"Geralmente confundem os médicos por sua amabilidade, total cooperação, aparência de equilíbrio e afeto pelo filho ao qual visitam no hospital com uma frequência não habitual. Por outro lado, ao serem entrevistadas, acabam por mostrar personalidade histérica, depressão ou graves transtornos de relação mãe-filho."

Método e resultados

Outro achado importante do estudo é que os pacientes que não voltaram a residir com os responsáveis (por adoção, institucionalização ou novo núcleo familiar) apresentaram sensível melhora de suas condições físicas e sociais quando comparados àqueles que retornaram ao núcleo familiar inicial. Porém, o médico ressalta que a evolução das suas condições psicológicas foi insatisfatória, independentemente do destino após a alta hospitalar.

Segundo o médico, além dos exames físicos e laboratoriais, conhecer a história clínica da criança é fundamental para o diagnóstico de abuso. Ele explica que essa tarefa começa perguntando-se para a criança o que aconteceu - passo crucial na diferenciação entre trauma intencional e acidental. "Outros pontos importantes a serem observados são: pais que omitem total ou parcialmente a história de trauma; pais que mudam a história toda vez que são interrogados; histórias diferentes quando são questionados os membros da família isoladamente; demora inexplicável na procura de recursos médicos na presença evidente de trauma; crianças maiores que não querem relatar o que aconteceu, com medo de represálias, em especial quando os agentes agressores são os pais", ressalta o texto do estudo.

Como as consequências dos maus--tratos fogem à esfera física, incluindo consequências de ordem emocional que podem ser bastante graves e persistir por longo tempo ou, até mesmo, por toda a vida, Antônio explica que toda a abordagem deve envolver, além da equipe médica e de enfermagem, psicólogos e assistentes sociais e contar com a presença de esferas legais do poder. "Contudo, é importante lembrar que, por mais evidências que tenhamos, nós nunca fazemos o diagnóstico de abuso. Nós fazemos a suspeita clínica. A partir daí, a criança é encaminhada para as varas de infância e juventude."



Condições psicológicas

Entre os resultados da pesquisa, Antônio conta que 73,6% das crianças tinham até 2 anos e apresentavam as mais variadas lesões - desde fraturas múltiplas, fraturas de crânio e quadros de hemorragia intracraniana. "As crianças submetidas a abuso físico, quando necessitam de tratamento em regime de internação hospitalar, apresentam alta letalidade e alto índice de sequelas neurológicas graves", diz.

O estudo também comprovou que, independentemente das condições sociais e físicas, a maioria dos pacientes mostrava algum traço negativo em seu comportamento, predominando baixa autoestima, dificuldades escolares, traços depressivos e dificuldade de relacionamento.

Unicef defende nova abordagem para as políticas de proteção às crianças

Percebendo que estratégias para o combate aos abusos contra crianças frequentemente se constituem de iniciativas fragmentadas, cujos resultados ainda estão longe dos ideais, a United Nation's Children's Fund (Unicef), juntamente com outras organizações mundiais, como a Ssave The Children e a United Nations High Commissioner for Rrefugees (UNHCRr), passou a defender a necessidade de um sistema de defesa mais amplo e conjuntural.

De acordo com o órgão da OoNU, programas voltados para a proteção de crianças são focados para combate específico de problemas como violência, exploração, abuso, negligência, trabalho infantil e tráfico de crianças. Na visão dos autores, esta abordagem, ainda que possa ser benéfica para um grupo delimitado de crianças, "pode resultar em programas falhos", uma vez que o foco em temas isolados é preterido à "compreensão de como cada um desses pontos se relaciona num sistema geral".

O ideal, segundo a Unicef, é a instauração de uma política de proteção que aborde conjuntamente vários fatores de risco ao bem-estar e à saúde das crianças, coincidindo ao mesmo tempo com iniciativas da família, comunidade e finalmente toda a sociedade para garantir os direitos básicos de toda criança.



Além dos exames físicos e laboratoriais, conhecer a história clínica da criança é fundamental para o diagnóstico de abuso

Segundo Antônio, a rotina de maus-tratos pode gerar um ciclo perigoso, já que a criança abusada, hoje, pode se tornar um adulto problemático amanhã, com boas chances de repetir na sua família a sua história de violência. "O impacto da exposição à violência vai além dos distúrbios comportamentais e emocionais. Ele afeta a percepção das crianças em relação ao mundo e a elas próprias, suas ideias sobre o significado e os propósitos da vida, suas expectativas referentes à felicidade futura e o seu desenvolvimento moral", mostra o estudo.

Entretanto, as consequências podem variar de acordo com a especificidade de cada situação. Segundo Marina Rezende Bazon, psicóloga pós-graduada pela USP, ainda que os casos chamados de "puros" (onde só há abuso psicológico, físico ou negligência, sem influência de nenhuma outra modalidade) sejam raros, cada um deles pode acarretar problemas distintos. A psicóloga, que vem atuan- do em linhas de pesquisa voltadas para os "maus-tratos contra a criança e o adolescente", explica que o reflexo de sofrer abusos físicos normalmente se manifesta em dois extremos: ou a criança se torna agressiva, brigando nos esportes e com seus colegas; ou desenvolve uma personalidade acolhida, sendo "supermedrosa no contato com adultos", o que aparece também como uma dificuldade em lidar com figuras de autoridade e professores.

Já o abuso psicológico, segundo Marina, é um "quadro que produz muita sintomatologia, como queixas de natureza psicossomática na criança, como se tivessem muitas dores de estômago e na cabeça", ressalta. A negligência, por sua vez, é uma das modalidades às quais é preciso estar especialmente atento, uma vez que geralmente se estabelece ao longo do tempo por remeter a padrões de cuidado dos pais, sendo associada, em situações extremas, com casos de óbito. "Se compararmos o impacto da negligência ao das outras modalidades, mesmo do abuso sexual, as crianças negligenciadas de forma crônica têm mais déficits, mais problemas que todas as outras", alerta.

A Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) destacam que ter vivido situações abusivas tem influência mesmo na vida adulta. Este tipo de expe- riência tem relação direta com o desenvolvimento de problemas psicológicos, como depressão e transtornos alimentares, além de estar associado à obesidade, maior suscetibilidade ao abuso de drogas e ao comportamento sexual de risco, podendo ser responsável também por adultos com condutas de trabalho ineficientes e relações sociais baseadas em violência. Um relatório da OMS lembra que, devido a estas consequências, maus-tratos a crianças deixam de ser um problema exclusivamente familiar para afetar toda a sociedade, não só pelo desenvolvimento de cidadãos com sérios problemas de adaptação social, mas também pelo impacto econômico de custos como hospitalização e tratamentos destes indivíduos.

Figuras que contraponham a negatividade associada à pessoa responsável pelos maus-tratos podem ajudar a garantir um desenvolvimento menos traumático. "Digamos que na família o abusador físico seja o pai, mas a mãe tenta proteger, mediar, de forma que o impacto (dessa experiência de maus-tratos) é moderado", exemplifica. Pessoas de fora do ambiente familiar também podem fazer este papel. "A criança pode ir para uma escola onde há uma ou mais professoras bem adequadas, no sentido de serem mais sensíveis, mais delicadas, e funcionarem como figuras de cuidado e apoio, o que atenua [os efeitos do abuso]", diz, ressalvando a importância de que profissionais que trabalham diretamente com crianças tenham em sua formação o conhecimento dos sintomas geralmente associados com maus-tratos, para que possam identificá-los e, a partir daí, oferecer ajuda.




Quem maltrata e por quê?

O estudo do pediatra Antônio Cardoso verificou que, em situações de maus-tratos infantis, encontram-se com frequência pais emocionalmente imaturos, neuróticos e psicóticos, mentalmente deficientes e ignorantes, sádicos, criminosos, toxicômanos, incluindo alcoólatras e "disciplinários". Contudo, o padrão é o de pais aparentemente normais, o que, para o médico, pode ser um dado que dificultará muito mais o diagnóstico.

Para Adriana Marcassa Tucci, professora do Departamento de Saúde, Educação e Sociedade da Universidade Federal de São Paulo, existem vários fatores que podem deixar um indivíduo em uma situação de risco psíquico. A psicóloga, que é doutora em psicobiologia pela Unifesp dentro da temática de abuso de álcool e outras drogas e violência contra criança, explica que o abuso e/ou dependência de substâncias psicoativas, como ál- cool e outras drogas, têm sido associados a situações de maus-tratos (abuso ou negligência) contra a criança. "Por exemplo, na fase de abstinência da substância ou sob o seu efeito, o indivíduo pode ficar com muita irritabilidade e cometer atos violentos ou negligentes. Situações de abuso sexual contra crianças também têm sido associadas ao consumo excessivo de álcool e de outras drogas", explica.

Conflitos familiares e de casal podem deixar o ambiente mais propício para se cometerem atos de violência contra a criança

Mas, segundo Adriana, alguns aspectos sociais também podem deixar uma criança em situação de risco. "Maior vulnerabilidade está presente em situações sociais menos favorecidas. A pobreza é uma situação de risco, pois vários fatores, na maioria das vezes, estão presentes nela, tais como: desemprego, condições insatisfatórias de moradia, de educação, de saneamento básico, de acesso a serviços de saúde, convivência com o tráfico de drogas e violência associada a este, entre outros", afirma.

Os fatores de vulnerabilidade e risco, segundo Adriana, envolvem, portanto, não só os fatores presentes no âmbito familiar, mas também questões sociais, culturais e mesmo a presença de eventos estressantes. Além disso, conflitos familiares e de casal podem deixar o ambiente mais propício para se cometerem atos de violência contra a criança.

Como prevenir?

Para Adriana, a prevenção engloba muitas esferas, e as 
ações preventivas devem ter o apoio do Ministério da Saúde, destinando verba, treinando profissionais, etc. "A prevenção pode ser feita no primeiro nível social, onde a violência ainda não aconteceu com famílias que apresentam características de vulnerabilidade e risco. Nestes casos, a prevenção deveria envolver o trabalho do agente comunitário, vinculado aos serviços de atenção básica à saúde, na divulgação dos malefícios que a violência causa à criança e incentivando a denúncia, por exemplo. A prevenção pode ser feita também nas escolas, onde é possível trabalhar com os pais e com a própria criança", considera.


Segundo a psicóloga, a prevenção aos maus-tratos à criança onera menos o sistema de saúde do que o trabalho com a vítima - o que exige uma atenção mais especializada e, por isso, mais cara. "Embora o SUS preconize a prevenção, ainda temos poucos municípios investindo na porta de entrada do Sistema Único de Saúde, ou seja, na prevenção. No Brasil, não vemos muitos investimentos na atenção primária. Porém, temos exemplos de países, como Austrália e Estados Unidos, que mostram que é possível prevenir os maus-tratos infantis, sim. Para atingir resultados significativos, porém, a prevenção primária deve ocorrer em parceria de maneira intersetorial - educação, assistência social, saúde, jurídico, etc.", ressalta.






 

VEJA COMO EXPLICAR ÀS CRIANÇAS DEZ QUESTÕES COMPLICADAS, COMO PEDOFILIA, MORTE E DROGAS

Nem sempre a pergunta da criança é cabeluda, mas deixa os pais confusos sobre o que responder. Há temas complicados de abordar e até as escolas, muitas vezes, se equivocam ao tentar esclarecer dúvidas. Papos difíceis devem começar em casa. Às vezes, de acordo com a curiosidade da criança. Algumas situações exigem prevenção. Outras vezes é melhor esperar que a criança pergunte. “Época certa não há. As muito pequenas dificilmente entenderão determinados assuntos. Se surgir a curiosidade, explique de acordo com o entendimento dela –que varia conforme a idade”, diz a psicóloga e psicopedagoga Ana Cássia Maturano.
O mais importante é não fazer um discurso moralista, longo ou que desperte o preconceito nas crianças. Pais podem não perceber o quanto prejudicam os filhos ao transmitir julgamentos preconceituosos. E as respostas não devem ultrapassar o que as crianças querem saber. “A conversa deve ser clara, verdadeira e adaptada ao vocabulário infantil. E se os pais forem pegos de surpresa ou não souberem a resposta, podem dizer. Afinal, os adultos estão em constante aprendizado, também”, diz a psicóloga infantil Daniella Freixo de Faria.
Fazer rodeios, protelar ou ficar inseguro só prejudica. “Isso deixa o filho ainda mais curioso e sem informações úteis para que se desenvolvam satisfatoriamente", de acordo com a psicóloga clínica Patrícia Spada, pesquisadora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

PEDOFILIA

Em conversas familiares, fale para as crianças não conversarem com estranhos e não deixarem que as toquem. “Embora a maioria dos aliciadores sejam conhecidos, devemos dizer para os filhos que eles podem contar tudo para os pais, sempre, mesmo que alguém diga o contrário”, afirma a psicóloga Ana Cássia Maturano. Para adolescentes, a conversa pode ser mais aberta e a internet mais vigiada. “Nesse caso, não espere o assunto surgir. Eles já saem sozinhos e nem todos que conhecem são conhecidos pelos pais. Mas a conversa deve ser tranquila e orientadora”, diz a psicóloga. “Uma criança que já falou com os pais sobre o assunto consegue identificar pedófilos e tem mais chances de se defender do que aquela que nunca teve espaço para o tema”, diz a psicóloga Patrícia Spada. A lição mais importante é: crianças que têm segurança de que podem contar tudo aos pais, sem temer uma represália, estarão muito mais seguras.

VIOLÊNCIA E ROUBO
Apesar de ser um assunto desagradável, é importante que a criança sabia que a violência existe. Para entrar no assunto, use as notícias que passam na televisão, mas, claro, não escolha as muito pesadas e não aterrorize a criança, como se ela fosse a próxima vítima. Use exemplos do noticiário para ensinar a criança a evitar que aquelas situações aconteçam, como não conversar com estranhos, não aceitar caronas em hipótese alguma, não fornecer dados pessoais e não reagir a um assalto. "Vivemos em uma época de extrema violência e é necessário estar a par da realidade para se proteger, na medida do possível”, diz a psicóloga Patrícia Spada.

DROGAS

O assunto está em todos os lugares: na TV, nas revistas, em rodas de amigos. Aproveite a curiosidade e as notícias para tocar no assunto e mostrar os malefícios do consumo de drogas. “Sem usar de um tom moral e repressor. Assim, quando a droga chegar mais perto dos seus filhos, eles terão a segurança de contar aos pais”, diz a psicóloga Ana Cássia Maturano. Muitas vezes, é preciso adaptar a linguagem. “Crianças adoram colocar objetos na boca. Neste momento, explique que há objetos e substâncias que não se deve experimentar, pois fazem muito mal. Cite exemplos concretos da rotina deles, como remédios, produtos de limpeza, comprimidos que parecem balinhas, bebidas alcoólicas”, diz a psicóloga Patrícia Spada.

SEXO

Responda apenas o que as crianças querem saber para matar a curiosidade sobre sexo, sem dar detalhes que não foram perguntados. E não inicie o assunto, para não correr o risco de erotizar a criança prematuramente. “Alguns, na intenção de dar uma explicação corretíssima, exageram na quantidade de informações. Há livros bem interessantes para as crianças. Mas nada de se antecipar. Elas devem dar o primeiro passo”, diz a psicóloga Ana Cássia Maturano. Ao usar o artifício dos livros, leia antes de dar às crianças. Nem tudo é adequado. Discursos moralistas também devem ser evitados. Sexo não é algo errado ou sujo. “De qualquer modo, é importante que os pais estejam disponíveis para discutir em casa. Um ambiente acolhedor gera autoconfiança e é um fator importante na prevenção de problemas", explica Patrícia Spada, psicóloga.

DEFICIÊNCIA FÍSICA

Para explicar que existem adultos e crianças com deficiências físicas ou mentais, o ideal é esperar a criança perguntar. Quando o assunto surgir, diga que é uma condição física ou psíquica da pessoa, mas que isso não a faz diferente das outras. Ensine, também, que essas pessoas, muitas vezes, precisam de colaboração, como ter a preferência em uma fila, por exemplo. "Nas conversas, é preciso ter consciência de suas crenças a respeito de tudo, pois são elas que serão transmitidas. Cuide dos seus pensamentos, pois, na hora de conversar, será do ponto de vista do adulto que a criança receberá as primeiras informações sobre temas tão importantes”, segundo Daniella Freixo de Faria, psicóloga.

ABUSO SEXUAL INFANTIL – SUPERNECESSÁRIO SABER…

É difícil para a maioria das pessoas imaginar um adulto tendo prazer sexual com uma criança, mas a realidade que nos cerca cada vez mais está mostrando como isso é real, doloroso e deixa marcas severas na vida dos envolvidos.
Algumas das frequentes perguntas que surgem a respeito do assunto com suas respostas podem ajudar a esclarecer algumas questões sobre o abuso sexual infantil.

Qual a definição de abuso sexual infantil?

Muitos pensam que abuso sexual infantil é ter uma relação sexual completa com uma criança, mas a definição é muito mais ampla do que isso. Podemos caracterizar o abuso como: tocar a boca, genitais, bumbum, seios ou outras partes íntimas de uma criança com objetivo de satisfação dos desejos; forçar ou encorajar a criança a tocar um adulto de modo a satisfazer o desejo sexual. Fazer ou tentar fazer a criança se envolver em ato sexual. Forçar ou encorajar a criança a se envolver em atividades sexuais com outras crianças ou adultos. Expor a criança a ato sexual ou exibições com o propósito de estimulação ou gratificação sexual. Usar a criança em apresentação sexual como fotografia, brincadeira, filmagem ou dança, não importa se o material seja obsceno ou não.

Quais são as principais estatísticas que existem sobre o assunto?

O número de crianças e adolescentes abusados sexualmente no Brasil é cada vez maior, mas só uma minoria apresenta queixa. Isso se dá devido ao grande trauma psicológico acarretado e também porque muitas vezes o abusador mantém algum grau de parentesco com a vítima, quando não é o próprio pai ou padrasto, o que gera medo de retaliação. As estatísticas brasileiras a respeito de abuso sexual infantil estão defasadas, faltam verbas, falta preparo de quem acolhe as denúncias, faltam mais pesquisas. Em 2008, o Disque 100 recebeu cerca de 25 mil denúncias. Em 2008, a SaferNet Brasil, uma organização de combate à pornografia infantil na internet, recebeu 42.122 denúncias sobre abuso. Assim mesmo, sem muitas estatísticas, os números são alarmantes, e têm crescido a cada ano por haver mais esclarecimento sobre o assunto, por haver mais divulgação, mas também pela maior possibilidade de acesso às crianças.

De que forma a criança pode demonstrar aos pais ou responsáveis que sofreu abuso?

Os principais sinais que a criança pode mostrar e podem ser observados pelos pais, professores ou outro cuidador da criança são: conhecimento ou comportamento sexual fora do esperado. Mudanças no comportamento como perda do apetite, pesadelos, medo de dormir, se afastar das atividades rotineiras. Afastamento dos amigos. Voltar a fazer xixi na cama. Chupar o dedo. Dificuldade de concentração na escola. Medo de alguma pessoa, ou pânico de ser deixada em algum lugar ou com alguém. Comportamento agressivo ou perturbador, delinquência, fuga de casa ou prostituição. Comportamentos autoagressivos. Irritação genital ou sangramento, inchaço, dor, coceira, cortes ou arranhões na área genital, vaginal ou anal.

Qual deve ser a postura dos pais? 

Em primeiro lugar, não entrar em pânico. Muitas vezes, os pais já até tinham algum “pressentimento” sobre determinada pessoa, mas não deram a devida atenção à sua percepção. A criança pode ter medo de contar aos pais ou familiares, pois muitas vezes o abusador faz ameaças a ela ou aos seus queridos. Se a criança conseguir contar aos pais, atenção! Acreditem, dificilmente uma criança inventa histórias dessa natureza. Conforte a criança. Explique que não foi culpa dela. A culpa é do abusador e ele fez algo muito errado. Deixe a criança saber que você sente pelo que aconteceu. Fale a ela que você vai fazer de tudo para que isso não aconteça novamente. Leve a criança e a família para um aconselhamento ou terapia.

Quais as principais sequelas do abuso sexual infantil e como tratá-las?

As principais consequências são:

Confusão
 – A criança pode achar que é normal porque o abusador disse que é, mas é confuso por que ele também falou para não contar para ninguém.

Culpa
 – Por não ter feito nada para parar o abuso; porque às vezes podia sentir algo bom; sentia que recebia coisas especiais por fazer aquilo; acha que fez algo para que o abuso acontecesse; é tão má que mereceu o abuso.

Medo
 – De ter sofrido um dano físico irreparável; de ser descoberto pelos outros; de que só de olhar para ele saberão que é mau.

Raiva
 – Do abusador; de si mesma, por não parar o abuso, ou por gostar; do  pai/mãe que não a protegeu de ser abusada pelo pai/mãe; pode parecer uma criança passiva e submissa, mas está explodindo por dentro; pode descarregar sua raiva maltratando animais ou crianças menores
Perda da confiança – Nos pais; nos adultos.
Se isso aconteceu com alguma criança que você conhece, busque ajuda especializada. Leigos no assunto com frequência machucam mais do que ajudam.

Cláudia Bruscagin Schwantes

http://www.esperanca.com.br/familia/educacao-de-filhos/abuso-sexual-infantil-supernecessario-saber/


http://9cndca.sdh.gov.br/index-carousel.asp

Crianças e Adolescentes


Direitos Assegurados

A Secretaria surge no contexto de reafirmação de políticas públicas e atua na elaboração de mecanismos de defesa da infância
A Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente – SNPDCA, com estrutura regimental aprovada pelo Decreto N.º 4.671, de 10 de abril de 2003, surge no contexto do processo de reorganização administrativa iniciado com a publicação da Medida Provisória N.º 103, de 1º de janeiro de 2003 que, dentre outras alterações, incorpora à estrutura da Presidência da República a então Secretaria de Estado dos Direitos Humanos do Ministério da Justiça, sob a nova designação de Secretaria Especial dos Direitos Humanos, posteriormente, por meio de Medida Provisória assinada pelo Presidente em 25 de março de 2010, passa a chamar-seSecretária de Direitos Humanos, transformando-se em órgão essencial da Presidência da República, com status de Ministério.
Em que pese sua nova posição na estrutura administrativa do Estado e a atribuição inerente de assessorar o Presidente da República nas questões relativas às políticas e diretrizes voltadas à promoção dos direitos das crianças e adolescentes, a SPDCA conserva o cerne da competência institucional do órgão que lhe deu origem - o Departamento da Criança e do Adolescente – DCA, da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos do Ministério da Justiça - de promover, estimular, acompanhar e zelar pelo cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente.
DCA foi instalado em outubro de 1995 e vinculado à Secretaria de Direitos da Cidadania do Ministério da Justiça pelo Decreto nº 1.796 em 24/01/1996, tendo seu regimento interno aprovado pela Portaria Ministerial nº 495 de 06/08/1996.
Em fevereiro de 1996, o DCA apresentou seu primeiro Plano de Ação estabelecendo, nos cenários das políticas públicas de atenção à criança e ao adolescente, as linhas gerais da Política de Promoção e Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, decorrente da Política Nacional dos Direitos Humanos.
Em setembro de 1998, quando da extinção da Secretaria de Direitos da Cidadania, o DCA tornou-se subordinado à Secretaria Nacional de Direitos Humanos que, em janeiro de 1999, passou à categoria de Secretaria de Estado.
É comum associar-se a criação do DCA à extinção do Centro Brasileiro para a Infância e Adolescência – CBIA, órgão do qual seria um substituto, o que representa uma incorreção. O CBIA, vinculado ao Ministério do Bem-Estar Social, realmente foi extinto no mesmo ano da criação do DCA e os órgãos chegaram a co-existir por um breve período, ambos subordinados ao Ministério da Justiça, que se encarregou do processo de inventariança do CBIA. Porém, mais do que uma simples mudança de nomenclatura, o surgimento do DCAmarca uma redefinição do papel do Governo Federal na gestão das políticas públicas para a infância e adolescência.

Calendário de Vacinação da Família



A vacinação da família é a melhor forma de prevenir contra diversas doenças, como poliomielite (paralisia infantil), tuberculose, rubéola e febre amarela, entre outras. Ao se vacinar, a pessoa passa a ter proteção (anticorpo) e torna-se imunizado. Nos links abaixo você tem informações completas sobre vacinação da família:
Vacina para crianças - Ministério da Saúde
Vacina para adolescentes- Ministério da Saúde
Vacina para idosos- Ministério da Saúde